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Grupo de trumpista faz parceria com clube de tiro e companhia de segurança no Brasil

Vigilância em aeroporto é alvo de operação da Polícia Federal; representante de empresa de blindagem, que tem contratos milionários com governo, se reuniu com Eduardo Bolsonaro


Alice Maciel, Bruno Fonseca, Clarissa Levy, Ethel Rudnitzki




O empresário norte-americano Daniel Beck — conhecido militante apoiador do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que participou das manifestações que culminaram na invasão do Congresso americano em janeiro —, desembarcou no Rio de Janeiro, no dia 14 de maio, para participar do lançamento de nova parceria da Combat Armor Defense: um clube de tiro. A companhia, que firmou contratos milionários com a venda de carros blindados para o poder público, e teve um crescimento exponencial desde sua fundação, em 2019, “está se tornando um grande conglomerado de empresas na área de segurança”, anunciou Beck em entrevista exclusiva à Agência Pública. “Cada empresa tem seu papel, sua área de atuação. O American Shooting Club [o clube de tiro] é uma delas”, acrescentou. 


Segundo a reportagem apurou, o “grande conglomerado” anunciado por Beck envolveria, além da fabricante de blindagens e do clube de tiro, uma empresa de segurança privada envolvida no assassinato de um jovem negro num supermercado da capital carioca e que agora se vê no meio de uma operação da Polícia Federal que apura irregularidades na segurança do aeroporto internacional do Galeão (RJ). Trata-se da Progressive Force Segurança e Vigilância, cuja sócia é Thaís Nery, esposa de João Fuster — diretor do clube de tiro American Shooting Club. João, que postou fotografias com uniforme da Polícia Penal no Rio, é quem responde em entrevistas à imprensa pela Progressive.

A Pública apurou que a Progressive é atualmente responsável pela segurança de algumas áreas externas do aeroporto do Galeão. Nesta sexta-feira, dia 11 de junho, uma sala da Progressive no aeroporto foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que apura supostas irregularidades na prestação de serviços de segurança privada no aeroporto.


De acordo com informações da PF, “uma empresa privada, que possui contrato com o Consórcio RIOGaleão, estaria usando pessoas não autorizadas pela PF nas funções de vigilante, uso de armamento e de uniformes não aprovados ou em desacordo com as normas legais”. Em uma das fotos tiradas pelos agentes, há uma arma em uma sala com o logo da Progressive, no aeroporto.


A Progressive, que já se chamou Groupe Protection, opera ao menos desde 2016 no Rio. A empresa era a responsável pelo agente de segurança que matou Pedro Henrique Gonzaga, na época com 19 anos, sufocado em uma unidade do Extra na Barra da Tijuca em 2019, segundo apuração do jornal Extra. Em 2017, a Pública contou que a empresa atuava como segurança privada em ruas da capital carioca. Desde 2020, a Progressive também está autorizada a prestar serviços no estado de São Paulo.


A reportagem questionou a Progressive sobre as relações com as demais empresas, com Maurício Junot, que é sócio da empresa de blindagens Combat no Brasil, e com Beck. Contrariando as afirmações do norte-americano, João Fuster negou ligação de suas empresas com a Combat. “Hoje não existe vínculo comercial algum com eles, o Clube de Tiro e a Empresa de Segurança são independentes. Houve no passado uma parceria e uma possível aliança, mas que por motivos de força maior não aconteceu”. 


Perguntamos também sobre o agente que asfixiou o jovem no supermercado no Rio, mas não obtivemos resposta até a publicação da reportagem.


A Pública também questionou o aeroporto RioGaleão sobre contratos e prestadores de serviço, mas o consórcio respondeu que é uma sociedade anônima de capital fechado e que todas as informações obrigatórias de acesso público da concessão estão disponíveis no site. Nele, não é possível acessar contratos da Progressive com o aeroporto.


Já a assessoria de imprensa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que, nos termos do contrato de concessão, “as concessionárias não têm a obrigatoriedade de apresentar previamente à ANAC os contratos firmados com terceiros”.

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